O ano de 2016 continua com perspectivas negativas para a inadimplência em todo o país. Segundo a Boa Vista SCPC, cerca 57 milhões de brasileiros têm ao menos uma dívida com o pagamento em atraso – desses, 59% pertencem à classe C. Em 2014, essa fatia era de 50%.
O risco da inadimplência está presente em todos os segmentos. “No melhor dos cenários, todo empresário deve considerar que 5% dos seus ganhos podem ficar comprometidos por clientes inadimplentes. A preocupação atual é que esse índice foi elevado, em alguns casos, chegando a 30%. Uma empresa com esse número pode falir”, alerta o especialista em cobrança, Diego Barbosa, do escritório Monteiro & Valente Cobranças Empresariais.
Uma forma de perder menos com os pagamentos ausentes é optar pela cobrança ativa, especializada e terceirizada. “Quando um empresário olha para seu índice de inadimplência e coloca sua própria equipe para cobrar, ele deixa de colocar energia em vender seu produto ou serviço. Além disso, demora mais para conseguir resultado, pois não é especializado, e fica frustrado”, avalia.
Na Monteiro & Valente, só em 2015, a procura pelos serviços especializados em cobrança cresceu 40%. “Desde o início do ano, a média de 50% de aumento já vem se mantendo. O mais comum é atender instituições de ensino, bancos e planos de saúde, que têm as mensalidades pagas por pessoas físicas. Em 2016, outros segmentos, como administradoras de condomínios, também estão solicitando nossos serviços”, complementa.
Em relação à expectativa de recebimento, o especialista diz que em 2015 cerca de 70% das dívidas cadastradas no sistema da Monteiro & Valente foram quitadas. “Temos mais de sete mil devedores, em um total de dívidas que chega a R$ 6,7 milhões. Infelizmente, nossa empresa foi criada sob o prejuízo de alguns, nesse momento não se trata de ganhar mais e sim de perder menos com atitudes inteligentes”, define Diego.
Do lado de quem está devendo, atua o educador financeiro Pedro Braggio. Para ele, a inadimplência deve continuar acelerando pelos próximos meses, em virtude da deterioração das condições macroeconômicas do país e do aumento da massa de desempregados. “Podemos dividir a população em dois grandes grupos. Os empregados e endividados, que chegaram a essa condição por desorganização das finanças, e aqueles que estão sem remuneração pela falta do emprego. Em ambos os casos há ausência de educação financeira, que, se continuar faltando vai se tornar como uma pandemia”, alerta.
NO ESCURO / A região Sudeste não foi considerada na última pesquisa de inadimplência do SCPC devido à entrada em vigor da Lei nº 16.569/2015 no estado de São Paulo, a qual determina que os inadimplentes só podem ter seu nome incluído em cadastros de devedores se assinarem um aviso de recebimento (AR), enviado pelos Correios.
Além da dificuldade de localizar os devedores em horário comercial, para colher a assinatura do AR, alguns ainda se recusam a assinar o protocolo. “Diante dessa impossibilidade de negativação do inadimplente, a motivação dele para pagar diminui. Portanto, se o empresário quiser mesmo receber parte de suas pendências, nunca foi tão importante cobrar de forma profissional”, reforça Diego.
Confira a entrevista do especialista em cobrança, Diego Barbosa, sobre o assunto: